Uma amiga uma vez falou que o Facebook é como uma praça a nossa disposição, onde podemos passear e escolher o que vamos fazer por lá. Por mais que eu goste de postar atualizações de status, vídeos e compartilhar notícias, também gosto de navegar pelo feed de notícias porque, mesmo apesar de todo o lixo, sempre têm as atualizações e fotos de amigos e familiares, além de notícias e vídeos interessantes sendo compartilhados. Eu acredito que o Facebook pode trabalhar a nosso favor quando sabemos como usá-lo. Uma ferramenta muito interessante que o site oferece é podermos cancelar a assinatura das pessoas e páginas que poluem o nosso feed com lixo. Quando nos dedicamos a fazer isso, o que resta geralmente são as atualizações que valem a pena.
Escrevo isso porque ontem um amigo postou um vídeo que me chamou a atenção, o documentário francês A Servidão Moderna, de 2009. Resolvi investir quase uma hora assistindo pelo YouTube ontem a noite antes de dormir e, apesar de já saber da maioria das coisas sobre as quais o filme fala, mais uma vez fiquei chocado com o estado em que se encontra o nosso mundo. Para a minha surpresa, o filme cita até alguns versículos da Bíblia e mostra imagens de filmes bastante conhecidos e queridos meus (Gattaca, Magnolia, Requiem for a Dream, 1984 e vários outros). Saca só como eles descrevem a servidão moderna:
"A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais. Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época. Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber. Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça."
Eu recomendo que você assista o filme e tire as suas próprias conclusões. Eu não concordo com a aparente solução apresentada no final do filme, que gira em torno de protestos e rebeldia. Sou contra isso e creio que podemos influenciar o mundo através de nossas atitudes, escolhendo o que fazemos e compramos.
Recomendo também The Story of Stuff (A História das Coisas), um vídeo muito bem produzido que explica de maneira simples como a produção de coisas funciona em nosso mundo capitalista. Vale a pena investir pouco mais de vinte minutos para assisti-lo. Me lembrei bastante dele enquanto assistia A Servidão Moderna.
* O documentário A Servidão Moderna foi postado pelo Rodolfo e a amiga que falou sobre o Facebook e me mostrou The Story of Stuff pela primeira vez foi a Ceci.
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