Na reta final

Meus diários estão cada vez mais profundos e intensos. Hoje de manhã estava relendo algumas das coisas que escrevi desde que começamos essa viagem missionária e nem acredito que já estamos na reta final desses dois meses, que há tão pouco tempo pareciam tão distantes. Só Deus sabe o que vivemos como equipe e o quanto crescemos e aprendemos com todas as experiências que estamos tendo.

Eu particularmente me sinto mais consciente das áreas em que eu preciso mudar. Me sinto mais íntimo de Deus... Ele tem falado comigo de maneira tão profunda e marcante que as vezes parece que ouço sua voz sussurrando em meus ouvidos. Ele fala através da oração, da meditação na Palavra, dos cultos e louvores e de todas as experiências de evangelismo. Estou buscando cada vez mais entendimento e discernimento para conhecer Sua vontade e obedecê-lo radicalmente. Sinto que minhas orações estão cada vez mais honestas e sinceras. Me sinto menos hipócrita e mais maduro.

Ao mesmo tempo minhas falhas estão cada vez mais latentes e o relacionamento entre a equipe está cada vez mais delicado, visto que todos estamos com saudades de casa e não vemos a hora de voltarmos. Mesmo sabendo que quando voltarmos sentiremos saudades desse tempo que não volta mais. Seres humanos... só Deus pra nos entender! Graças a Ele por Seu infinito amor e por Sua misericórdia que se renova a cada manhã. Se não fosse por Ele eu com certeza não estaria aqui, já teria desistido. Mas Ele tem me sustentado de maneira espetacular.

Eu ia escrever um post intitulado "Em Nome de Jesus", falando sobre tudo o que temos feito e dito em nome de Jesus nesses quase dois meses, mas como estamos na reta final do nosso prático decidi mudar o nome do post. Já estamos há mais de duas semanas aqui em Rio Verde e depois de tudo o que vivemos em Uberlândia eu pensei que não fossemos ter muitas surpresas aqui, mas aconteceu justamente o contrário. Deus continua nos surpreendendo. Ele é surpreendente!

Em Uberlândia visitamos escolas, hospitais, creches, casas de recuperação, uma boca de fumo e dirigimos muitos cultos nas igrejas por onde passamos, entre outros trabalhos. Tudo pela primeira vez, tudo novo. Aprendemos muito e depois de uma semana parecia que fazíamos esse trabalho de evangelismo há anos.

Em Rio Verde fomos surpreendidos com duas visitas a sanatórios, onde pudemos conviver por algumas horas com pessoas isoladas por seu comportamento anti-social, completamente excluídas, a margem da sociedade.  As vezes eu que me sentia o louco entre eles, nos sentimos amados e fomos tão bem recebidos. Coisa e louco mesmo... e quem disse que Deus não é louco? Conversei com um homem, o Lázaro, que conhecia a Palavra e frequentava a igreja. Só que ele aceitou Jesus pela primeira vez ali comigo, aos 40 anos. Deus me me levou lá para isso, para que ele confessasse Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador. A mesma coisa aconteceu em um hospital que visitamos na semana passada, uma moça que estava desviada dos caminhos do Senhor desde os 14 anos se reconciliou com Jesus junto comigo na porta do hospital. Nesse mesmo dia duas pessoas aceitaram Jesus pela primeira vez e quando cheguei em casa fiquei pensando em como Deus é lindo e nos ama tanto a ponto de nos confiar a pregação do evangelho de arrependimento e perdão. Essa letra do Ministério Sal Da Terra fala mais do que qualquer coisa que eu possa escrever aqui:


Deus confiou ao seu povo
O Poder de, por Ele, se revelar
E o espalhou pelo mundo
Para a todos os povos se manifestar


Aonde está esse povo ?
Nós somos esse povo!


Nós somos o sal dessa terra
Nós somos a luz que ilumina o mundo
Nós somos a voz do perdão pra quem erra
Nós somos um pouco de um Deus que È Tudo
Nós somos a mão que entrega
Nós somos semente, videira e fruto
Nós somos a vara pra quem não enxerga
Nós somos o Amor de Deus


Uma outra experiência legal foi visitar o CAT (Casa de Abrigo Temporário). O último trabalho que tínhamos feito com crianças foi na casa da Márcia em Uberlândia e todos estávamos com saudades das brincadeiras e das palhaçadas que só rolam com as crianças. É um trabalho gratificante, onde além de não nos sentirmos cobrados, somos recompensados com o carinho e os sorrisos das crianças. Triste é na hora de irmos embora, quando eles nos olham com aquelas carinhas de quero mais e perguntam: "Tio, quando vocês vão voltar?". Esse trabalho no CAT foi diferente de todos os outros trabalhos com crianças porque as crianças eram órfãs ou vieram de famílias que ofereciam riscos a elas, foram levadas a esse lugar pelo juizado de menores. Todas essas visitas me fizeram pensar em todas essas pessoas marginalizadas e esquecidas no nosso país e ao redor do mundo. São milhões de pessoas em quem preferimos nem pensar, não é mesmo? Mas elas continuam lá precisando de nós, que podemos ajudar. A escolha é nossa!

Outro trabalho que eu gostei muito foi ministrar duas vezes, uma na Igreja Batista Nacional Central e outra na Filadélfia, um estudo sobre "Como Ouvir a Voz de Deus" durante a Escola Bíblica Dominical (EBD). Também gostei bastante do workshop que preparamos para os adolescentes e do estudo sobre intercessão que ministramos para o Ministério De Missões. Coisas que eu nunca imaginei que faria nessa vida, mas que se tornaram realidade pela misericórdia de Deus e por Sua capacitação na minha vida e na de todos os irmãos que estão vivendo esse tempo tão especial, que já marcou nossas vidas para sempre. Todos crescemos e nos superamos. Todos vencemos gigantes e fizemos coisas que nunca imaginamos que faríamos. Todos fomos surpreendidos pelo amor de Deus e por Seu cuidado tão especial. Não somos as mesmas pessoas que chegaram aqui, nem nunca mais seremos.

E o prático não pára! Hoje a noite faremos mais um impacto na Expo Rio Verde (o primeiro aconteceu na semana passada e foi tremendo) e na semana que vem visitaremos, pela primeira vez, um presídio. Tem mais uma semana e meia de surpresas preparadas pelo Pai para nós e eu já estou com saudades... desse tempo lindo e dessa família abençoada que Ele me deu.